Se, contudo, por um lado alguns princípios não são muito práticos para nossa época, outros podem ser adotados sem reservas por qualquer um. Vamos enumerar então alguns deles:
- Cada semideus rege um diferente aspecto da vida, por isto é importante dispor os ambientes da casa de acordo com a localização de cada um deles, para evitar conflitos (ver tabela a seguir).
Divisão da casa em nove setores segundo as direções (pontos cardeais), com os respectivos semideuses, sua principal característica e algumas possibilidades de uso do espaço
Noroeste
– Vayu, o senhor do vento
Escritório
Loja
Sala de estar
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Norte
– Kuvera, o tesoureiro dos semideuses
Lugar
para guardar valores
Sala de estar
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Nordeste
– Esha,
auspiciosidade
Lugar
para adoração
Sala
de estudo
Quarto para
crianças
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Oeste
– Varuna, o senhor da água
Sala
de jantar
Quarto
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Centro
– Brahma‚ o maior dos semideuses
Espaço
aberto para a entrada de luz e ventilação
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Leste
– Surya, o senhor do Sol
Sala
de Estar
Banheiro
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Sudoeste
– Nirutti, a morte
Quarto
Depósito
para coisas pesadas
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Sul
– Yamaraja, o senhor da morte
Quarto
Despensa
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Sudeste
– Agni, a controladora do fogo
Cozinha
Medidores de
eletricidade
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- É essencial que todas as paredes (inclusive os limites do terreno) estejam alinhadas com os eixos Norte-Sul e Leste-Oeste verdadeiros (e não magnéticos) da Terra, admitindo-se uma tolerância de 10 graus. Paredes curvas ou em outras direções só devem ser usadas com muito conhecimento de onde e como. Logo, a forma ideal para o terreno e a casa é o quadrado ou o retângulo. Isto assegurará o fluxo das energias com um mínimo de interferências. Se o terreno for irregular, a recomendação é ajustá-lo, somando ou subtraindo áreas. Isto não necessariamente significa pobreza arquitetônica. Na cultura védica não existe uma separação rígida como a nossa entre os vários departamentos do conhecimento e da vida. Arquitetura, escultura, pintura, decoração, bem como espiritualidade, música, dança, culinária, os aromas, as vestimentas, etc, é o conjunto integrado que produz beleza e harmonia a nada é visto separadamente. O arquiteto védico fazia muito mais do que simplesmente desenhar e construir.
- Dentro do terreno, a edificação deve estar mais a Oeste que a Leste e mais ao Sul que ao Norte, de modo que sempre haja mais espaço livre a Norte e Leste (veja figura). Além disso, deve haver mais e maiores aberturas a Norte e Leste. Assim pode-se aproveitar melhor as boas energias que vêm destas direções, como os saudáveis raios ultra-violeta (que vêm do Leste), que são anti-sépticos e purificam o ambiente.
- Seguindo este raciocínio, deve-se proteger o Sul e o Oeste, de onde vêm influências negativas, como os raios infra-vermelhos do Sol da tarde (do Oeste), diminuindo-se as aberturas e usando vegetação mais alta e densa nessas direções.
- O telhado deve ter caimento para Leste ou Norte e o terreno, para Leste, Norte ou Nordeste, pois a água sempre deve escorrer para uma dessas direções. O telhado pode ser simétrico, mas nunca irregular.
- Água subterrânea (como poços e cisternas) deve estar a Nordeste, mas sem cruzar a diagonal do terreno (veja figura acima). O encanamento também deve vir dessa direção. Isto faz com que a água absorva os raios ultra-violeta e fique mais protegida dos infra-vermelhos. Se não puder fazer isto, é bom pelo menos expor água de beber ao Sol da manhã por algum tempo (em uma garrafa de vidro fechada, por exemplo).
Defeitos básicos devem ser corrigidos, especialmente a Nordeste e Sudeste, mas não se deve corrigir apressadamente e sim contar com a orientação de pessoas bem versadas e de experiência no campo.
Muitos dos princípios do Vastu Shastra podem ser facilmente encontrados em qualquer construção harmônica ao redor do mundo, como as pirâmides do Egito, as pirâmides astecas ou o templo do Sol em Konark, na Índia, bem como em muitas tradições populares.
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